Temos 2 milhões de desempregados, mas as empresas não conseguem encontrar um milhão de trabalhadores

Os paradoxos presentes no nosso mercado de trabalho são evidentes e um deles é destacado nesta nota do gabinete de estudos do CGIA: se os desempregados em Itália são pouco menos de dois milhões, dos quais cerca de 800 mil têm entre 15 e 34 anos [Istat, “Empregados e desempregados”, Roma, 2 de outubro de 2023], segundo nosso Ministro do Trabalho [Marina Elvira Calderone, discurso no Fórum Confcommercio intitulado: “Os protagonistas do mercado e os cenários dos anos 2000”, Roma, 19 de abril de 2023], no entanto, haveria um milhão de lugares que as empresas não conseguem encontrar. 

Sejamos claros: isso não é novidade; no nosso país, a oferta e a procura sempre lutaram para se encontrar. Não somente. Aqueles que procuram emprego têm muitas vezes um défice educacional e experiencial significativo em comparação com as competências profissionais exigidas pelas atividades económicas.

Dito isto, a verdade é que ainda temos muitas pessoas, sobretudo jovens, sem emprego, enquanto muitas empresas, mesmo no Sul, são obrigadas a abdicar de uma parte significativa das encomendas, por não possuírem recursos humanos suficientes para lidar com essas novas ordens. O resultado desta situação dá-nos um quadro preocupante: muitas famílias continuam em condições de fragilidade económica e muitas empresas, incapazes de aumentar a actividade produtiva, não conseguem crescer em dimensão e criar novas riquezas para distribuir.   

Soldadores, médicos, engenheiros, estucadores não são encontrados em lugar nenhum

Graças aos dados provenientes da pesquisa periódica Excelsior realizada entre empresários italianos pela Unioncamere-Anpal, o escritório de pesquisa CGIA listou as primeiras 50 figuras profissionais difíceis de encontrar. Praticamente impossíveis de encontrar são soldadores por arco eléctrico, clínicos gerais, engenheiros electrónicos/de telecomunicações, estucadores (que também incluem estucadores, decoradores e estucadores) e gestores de empresas (de escolas privadas e estabelecimentos de saúde privados). Desse primeiro bloco, em 8 de 10 casos a busca por empreendedores (privados e públicos) fracassa.

Igualmente difíceis de encontrar no mercado de trabalho são mecânicos de testes, enfermeiras/parteiras, técnicos em eletrônica (instaladores e mantenedores de hardware), estofadores e fabricantes de colchões, trabalhadores empregados em máquinas de fiação e bobinagem, soldadores e cortadores de chama, engenheiros eletrônicos, técnicos em eletricidade e trabalhadores empregados em teares mecânicos para tecelagem e tricô. Deste segundo bloco, em 7 em cada 10 casos os pedidos empresariais permanecem descobertos.

No Nordeste, quase um em cada dois empregos permanece vago.

Se no Norte a procura é maioritariamente por empregados de mesa, balconistas e faxineiros, no Sul a procura concentra-se nos pedreiros e, também aqui, nos empregados de mesa e balconistas.

Entre as quatro divisões geográficas do país, porém, as maiores dificuldades para encontrar funcionários surgiram no Nordeste. Na verdade, em Bolzano, a incidência percentual mais elevada de 2022 por cento foi registada em 52,5. Seguido por Pordenone com 52 por cento, Gorizia com 48,8, Pavia com 48,3, Trento com 47,9, Udine com 47,8, Bolonha e Vicenza com 47,7, Lecco com 46,9 e Pádua com 46,8. Embora o nível de desemprego nas regiões do sul seja em média de cerca de 15 por cento, mesmo nesta divisão um em cada três novos empregos corre o risco de não ser preenchido. Os picos mais elevados, no entanto, podem ser vistos em Chieti e L'Aquila com 3 por cento, em Caltanissetta com 43,6 por cento, Cagliari com 40,5 por cento, Brindisi e Sassari com 39,2, Siracusa com 39, Isernia, Matera e Pescara com 38,8, Benevento com 38,5 e depois todos os outros.

Desde 2017, as dificuldades de contratação mais que duplicaram

Analisando a incidência percentual de dificuldades de aquisição, de 2017 até hoje (setembro de 2023) mais que duplicou. Se há seis anos apenas 21,5 por cento dos empresários entrevistados declaravam que tinham muita dificuldade em encontrar novos trabalhadores, no inquérito do mês passado a percentagem subiu para 47,6 por cento.

É claro que a tendência está destinada a aumentar ainda mais nos próximos anos. A combinação do declínio da taxa de natalidade e do aumento progressivo da idade média deverá criar alguns problemas aos empresários que, entre outras coisas, serão chamados a substituir um grande número de trabalhadores prestes a reformar-se.

Temos 2 milhões de desempregados, mas as empresas não conseguem encontrar um milhão de trabalhadores