Os democratas americanos advertiram o presidente Donald Trump para não usar o polêmico dossiê republicano contra o FBI como um "pretexto" para demitir o conselheiro especial que investiga a suposta interferência russa nas eleições americanas.
Um número considerável de legisladores democratas alertou o presidente Trump que tal ação poderia desencadear uma crise constitucional não vista nos Estados Unidos desde a época de Nixon.
Nas intenções do Partido Republicano, o dossiê deve demonstrar que o FBI e o Departamento de Justiça abusaram de sua autoridade na investigação da interferência russa nas últimas eleições e possível conluio entre o Kremlin e a equipe de Trump. Para Trump e os republicanos, em suma, seria uma investigação viciada desde o início por um preconceito contra o presidente e o Grande Velho Partido, visando a favorecer os democratas.
De acordo com a BBC, os democratas explicaram que o lançamento do relatório visa interromper as investigações sobre as supostas ligações entre a campanha de Trump e o Kremlin. O presidente Trump negou consistentemente qualquer conexão desse tipo. O relatório - na opinião deles - é em particular uma "tentativa vergonhosa de desacreditar" o FBI e a investigação sobre a interferência russa. Em uma declaração, os líderes da minoria no Senado Chuck Schumer e a minoria da Câmara Nancy Pelosi e oito outros democratas seniores alertaram Trump sobre a tentação de demitir o conselheiro especial Robert Mueller ou o procurador-geral adjunto Rod Rosenstein.
“Escrevemos para informar que a consideraríamos como uma ação injustificada, uma tentativa de obstruir a justiça na investigação da Rússia”, diz o comunicado, que enfatiza que tal ação poderia resultar em uma crise constitucional nunca vista em anos '70, quando o presidente Richard Nixon ordenou a demissão dos oficiais de justiça envolvidos no escândalo Watergate.